No Dia Nacional do Estudante, celebrado a 24 de março, a Federação Académica de Lisboa (FAL) destaca a importância do ensino superior na construção do futuro do país, reforçando o compromisso com a defesa dos direitos e necessidades da comunidade estudantil. Este dia serve, acima de tudo, para refletir sobre os desafios que os estudantes enfrentam e a necessidade urgente de medidas eficazes para combater o abandono académico.
Nos últimos anos, a taxa de abandono escolar no ensino superior tem aumentado de forma preocupante, atingindo 11,1% em 2022/2023. A situação é ainda mais grave nos institutos politécnicos (13,26%) e no ensino privado (12,38%). As dificuldades económicas, a saúde mental fragilizada e a falta de suporte adequado nas instituições de ensino superior continuam a ser fatores determinantes para o abandono escolar.
Os dados do estudo “O abandono académico no ensino superior: Fatores sociodemográficos, económicos e psicossociais na era pós-pandemia”, promovido pelo Observatório da Fundação “La Caixa”, revelam que 65,5% dos estudantes dependem financeiramente das suas famílias, muitas vezes com um esforço desproporcional face aos seus rendimentos. Com um custo médio mensal de 538 euros em despesas académicas e 35,3% das famílias a viverem com um rendimento mensal de cerca de 1.000 euros, torna-se evidente o impacto das dificuldades financeiras na continuidade dos estudos.
Para simbolizar esta realidade, no dia 26 de março, a FAL promoveu uma ação simbólica na Alameda da Universidade, na Cidade Universitária. Setenta cadeiras foram colocadas, representando cada uma 100 dos mais de 7.000 estudantes que abandonaram o ensino superior no ano letivo de 2022/2023. Ao longo da dinâmica, 70 estudantes ocuparam as cadeiras e, um a um, foram-se levantando progressivamente, numa representação visual marcante do impacto do abandono académico e da urgência de medidas para combater este problema.
Desta forma, a FAL defende a implementação de um conjunto de medidas concretas para mitigar esta realidade, tais como o reforço dos apoios sociais, o aumento da rede de residências estudantis e a contratação de mais psicólogos para apoiar os estudantes. Propomos ainda um rácio de 1 psicólogo por cada 500 alunos para garantir um apoio individual e personalizado a cada estudante.
No Dia Nacional do Estudante, é essencial que todas as partes envolvidas assumam a responsabilidade de garantir que nenhum estudante abandone os seus estudos por razões alheias à sua capacidade académica. O futuro do país depende do sucesso dos seus estudantes, e é imprescindível criar condições para que possam prosperar e contribuir para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.